Mitos e verdades sobre a alfabetização

Mitos e verdades sobre a alfabetização
Alfabetização

21/02/2022

Alfabetização é um dos temas mais polêmicos da Educação - no Brasil e no mundo. É por esta razão que discutiremos sobre alguns mitos sobre esse processo...

  • As crianças não devem acessar livros até que aprendam a ler!  Esse é um grande mito!!! Não é porque os pequenos não dominam a leitura que eles não devam ter acesso a livros desde muito pequeninhos.
  • O alfabetizador não precisa de conhecimentos específicos! Na minha opinião essa é a mentira mais séria de todos! Todos nós que nos arriscamos a ensinar algo a alguém precisamos estar sempre aprendendo! Alfabetizar exige conhecimentos específicos sim sobre o processo que não é nada simples, mas também sensibilidade sobre os avanços e as dificuldades da criança para saber como aplicá-los.
  • Só existe um método eficiente de alfabetização!!! Mentira! Muitos são os métodos para que a alfabetização aconteça de forma eficiente. No entanto, o profissional precisa se apropriar do método escolhido! Não há evidências de que haja uma única maneira para ensinar leitura e escrita. Mais importante do que pensar em uma sequência de atividades fixa para seguir é dominar as fundamentações teóricas e saber traduzi-las em uma prática adequada à realidade da sua turma. Cada abordagem de alfabetização tem seu pedacinho de verdade, mas nenhuma delas contém a verdade absoluta. Toda a verdade está no processo e no professor que alfabetiza, entendendo com clareza o processo e sabendo orientá-lo.
  • Todas as crianças são diferentes! VERDADE! Cada ser é único e carrega sua especificidade... O desenvolvimento de cada criança é único e é exatamente por isso que o professor precisa de sensibilidade no olhar e boa formação para entender o que acontece com o aluno. As crianças passam fases bem definidas de aprendizagem, mas isso não significa que todas percorram todas as fases de maneira uniforme. O processo é dinâmico, ocorrem saltos e as crianças estão sempre em transição entre fases. Não dá para esperar que uma mesma atividade faça com que todos os alunos saiam de uma hipótese de escrita e cheguem a outra. Por isso, é necessário fazer diagnósticos e re-planejar constantemente.
  • As crianças aprendem a ler e a escrever com mediação de qualidade! Isso é verdadeiro e resume bem a importância de um professor alfabetizador preparado. Apenas dar oportunidade para que a criança, por ela mesma, descubra o sistema de escrita não é suficiente para que ela o compreenda e aprenda como utilizá-lo. As pessoas não se dão conta de como é difícil para uma criança aprender um sistema de representação tão abstrato e complexo como o alfabético. Elas constroem o conhecimento sobre a língua escrita à medida que convivem com ela - em livros, mas também em outros conteúdos, como listas de nomes da sala, placas e sinais na escola e na cidade, e assim por diante - e são orientadas nesse processo.
  • As crianças só devem escrever depois que dominarem o sistema alfabético. Isso é mentira! O ideal é que as crianças explorem a escrita livremente e, com base nisso, o professor diagnostique a hipótese de escrita e planeje seu trabalho. Elas também podem refletir sobre os contextos em que a escrita é utilizada mesmo antes de estarem plenamente alfabetizadas. "Os textos trabalhados em sala não podem ser produzidos artificialmente - aquela coisa antiga do 'Eva viu a uva' - só para aprender a ler.
  • Deve-se corrigir os alunos sempre que eles escreverem errado! Isso é um mito! Devemos considerar a idade e as habilidades de uma criança para pensar em correção! É preciso fazer intervenções de acordo com as hipóteses de apropriação do sistema de escrita de cada aluno e incentivar a reflexão de cada estudante sobre suas próprias respostas, mas sempre respeitando o processo de desenvolvimento da criança e considerando todo seu percurso. É preciso ajudar a ver quais hipóteses que ela faz não funcionam, como ela avança e como as reestrutura. Os erros precisam ser corrigidos de acordo com a apropriação do objeto de conhecimento - o que significa que eles nem sempre serão corrigidos no momento em que ocorrem.
  • Relacionar letras e desenhos NÃO ajuda a memorizar o alfabeto! Verdade... e essas relações não tem nada de consciência fonológica! Muitos livros com alfabeto ou mesmo alfabetos de parede em sala trazem letras que fazem referências a objetos e animais. O "S" é transformado numa serpente, o "B" vira uma borboleta e o "O" um ovo. "As crianças devem perceber que escrever e desenhar são coisas diferentes. O salto desse desenvolvimento é elas descobrirem que se escreve os sons da palavra e não aquilo que ela representa. Forçar uma relação entre as formas dos desenhos e as letras atrapalha a descoberta. Os alfabetos podem até conter referências de animais e outras palavras - como os nomes dos alunos - desde que sejam escritos com a letra que ilustram.

 

O mais importante de tudo é que o professor que trabalha com pequenos em fase de alfabetização seja apaixonado pelo seu trabalho para que seu entusiasmo leve a criança a aprender. Também é preciso que ele tenha conhecimento sobre o processo, mas isso é óbvio. Vivemos em um mundo altamente globalizado e cheio de descobertas diárias em várias do conhecimento que podem melhorar nossa prática docente. Os alfabetizadores precisam se apropriar da psicologia cognitiva, da fonologia, da sociolinguística, da neurociência que estão estudando esta temática.

 

O bom alfabetizador entende os processos de aprendizagem e, portanto, sabe orientar de forma adequada. Ao mesmo tempo gosta de fazer esse trabalho e possui uma boa interação com as crianças.

Espero que você tenha gostado deste post...

 

Um abraço,

Prof. Maria Carolina Lolli


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Maria Carolina Gobbi dos Santos Lolli

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A professora doutora Maria Carolina Lolli é a idealizadora e formadora dos cursos e programas neuroeducativos da FocoEnsina®. Sua especificidade formativa aliada à experiência profissional reúne uma condição ímpar para a criação de soluções inovadoras e eficazes para a Educação Básica a partir do Neurodesenvolvimento. A professora é Neurocientista, com graduação em Farmácia e Bioquímica (habilitação em Análises Clínicas e Toxicologia), Pedagogia, Terapias Integrativas/Complementares e Marketing. É especialista em Psicopedagogia, Psicomotricidade, Ludopedagogia, Terapia Ocupacional Pediátrica e Neurológica, Análise do Comportamento Aplicada ao TEA (ABA), TGD/TEA e Altas Habilidades, Estratégias de Ensino Naturalista (Modelo Denver), Estimulação Precoce, Alfabetização e Letramento de Crianças, Educação Infantil e Séries Iniciais e Alfabetização Matemática, Design Instrucional e em Formação de Professores das Séries Iniciais. Possui Mestrado em Ciências da Saúde e em Educação. É Doutora em Biociências e Fisiopatologia, com Tese em Neurociência Aplicada à Educação. A Dra. Maria Carolina atua há mais de 10 anos em clínica Neuropsicopedagógica atendendo os mais complexos casos de dificuldades de aprendizagem de Maringá e região. Já qualificou professores residentes nos 27 Estados do Brasil e vários do exterior. Tem experiência docente no ensino superior e na coordenação de curso de graduação. É autora de livros, capítulos de livros, dezenas de artigos científicos nacionais e internacionais nas áreas de saúde e educação e desenvolveu mais de 500 produtos técnicos educacionais (entre cursos, programas formativos, protocolos avaliativos, materiais de intervenção, de aplicação pedagógica, jogos, dentre outros) todos voltados para a Neurociência Cognitiva e Psicomotricidade aplicadas à Educação Infantil, Especial e Ensino Fundamental I. Vários produtos desenvolvidos pela professora são amplamente conhecidos, como o PRELEC (Protocolo de Avaliação de Pré-Requisitos para a Leitura, Escrita e Compreensão Textual), que é substituto contemporâneo e eficaz de antigos protocolos que se tornaram obsoletos.

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